O governo aprovou a controversa Lei de Estrangeiros com a ajuda do partido Chega, mudando as regras para imigrantes e portadores de visto.
O novo Lei de imigração de Portugal foi aprovado no Parlamento, marcando uma mudança significativa na abordagem do país à migração. A votação foi aprovada com o apoio da coligação no poder e do partido de extrema-direita Chega, apesar da forte oposição do Partido Socialista (PS) e de outros grupos de esquerda. O texto final, que ainda precisa de sanção presidencial e publicação, impactará o reagrupamento familiar, os vistos de trabalho e o processo geral de obtenção de residência em Portugal.
O voto e as consequências políticas
A votação de 30 de setembro de 2025 foi bastante acirrada. O governo, liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, só obteve a maioria necessária após negociações com o Chega e a Iniciativa Liberal (IL), que votaram a favor.
O Partido Socialista (PS) votou contra a versão final, com o líder José Luís Carneiro criticando o governo por ter feito um acordo "eleitoralista" com a extrema-direita antes das eleições autárquicas. O PS argumentou que o governo não incluiu as suas propostas, que, segundo eles, teriam sido melhores para o país.
A aprovação confirma um alinhamento político que muitos observadores consideraram preocupante. O partido Chega, cuja deputada Rita Matias sinalizou um voto positivo ao mesmo tempo que atacava os imigrantes e promovia a "remigração", foi fundamental na aprovação da legislação. A Iniciativa Liberal também votou a favor, criticando o fracasso das políticas migratórias anteriores.
A nova lei é uma revisão da atual Lei de Estrangeiros, com foco em pontos anteriormente rejeitados pelo Tribunal Constitucional. Embora o texto final exato ainda não tenha sido divulgado, as negociações confirmaram mudanças relacionadas à reunificação familiar e ao processo de visto de busca de emprego.
O que acontece a seguir para os imigrantes
O impacto imediato do novo Lei de imigração de Portugal é incerteza, seguida por um período de ajuste quando a lei é publicada.
O diploma aprovado segue agora para o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que tem oito dias para analisá-lo. O Presidente já havia indicado que provavelmente sancionaria a legislação, afirmando que raramente veta leis ou as reenvia ao Tribunal Constitucional (TC).
Uma vez sancionada, a lei deverá ser publicada no Diário da República (DRE), Diário Oficial de Portugal. A lei entrará em vigor imediatamente após a publicação ou em uma data específica logo após.
Para aqueles que estão atualmente no processo de solicitação de residência ou visto, as mudanças provavelmente afetarão:
- Reagrupamento familiar: A lei introduz novas restrições ou requisitos para familiares que se juntem a residentes em Portugal. Embora o governo tenha alegado sensibilidade, especialmente no que diz respeito a filhos menores, espera-se que o texto final torne as regras mais rigorosas em comparação com o sistema anterior.
- Vistos de busca de emprego: O processo de obtenção e conversão de vistos de procura de emprego (visto de procura de trabalho) deverá ser ajustado.
- Comprovante de Acomodação: A lei poderá clarificar ou reforçar os requisitos para comprovar alojamento estável, um obstáculo frequente para os requerentes de visto que procuram autorizações de residência da AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo).
O Conflito Central: Regulamentação vs. Direitos
O debate centrou-se em duas visões opostas: a pressão do governo por “imigração regulamentada” e a defesa dos direitos dos migrantes pela oposição.
O Ministro António Leitão Amaro, que liderou a defesa do governo, classificou o dia como "decisivo", argumentando que a política socialista anterior era "irresponsável" e prejudicial aos imigrantes. Salientou a necessidade de "regulamentar e tratar com humanismo", rejeitando a instrumentalização dos imigrantes — uma clara referência à retórica do Chega.
No entanto, a influência da extrema-direita era palpável. O Chega havia inicialmente condicionado seu apoio a uma proposta de proibição de apoio social a imigrantes até que completassem cinco anos de residência. Embora o governo tenha rejeitado publicamente essa proposta específica por considerá-la inconstitucional e fora do escopo de negociação, o resultado final da votação sugere que houve uma troca política para garantir a aprovação da lei.
Partidos de esquerda, incluindo PS, Livre e Bloco de Esquerda, criticaram a lei por restringir os direitos das famílias e atacar os imigrantes. O Partido Livre chegou a sugerir o reenvio do texto aprovado ao Tribunal Constitucional para nova análise.
O que os leitores devem fazer agora
O passo mais importante para quem vive em Portugal ou pretende mudar-se para lá é preparar-se para as novas regras. Como o texto final ainda não foi publicado, medidas específicas são difíceis, mas o cumprimento geral continua a ser fundamental.
O novo Lei de imigração de Portugal sinaliza um ambiente mais rigoroso. Se você estiver aguardando uma decisão sobre visto ou residência, certifique-se de que toda a sua documentação esteja impecável.
- Revise seus documentos: Verifique novamente a validade e a integralidade do seu passaporte, antecedentes criminais e comprovante de fundos.
- Acomodação segura: Se você estiver usando um contrato de aluguel (contrato de arrendamento) como comprovante de endereço, certifique-se de que esteja devidamente registrado junto à Receita Federal (Finanças). Contratos de locação não registrados são uma das principais causas de rejeição de vistos.
- Mantenha-se informado: A lei só entrará em vigor após publicação no Diário Oficial da União Diário da República. Monitore fontes oficiais para saber a data exata e o texto final.
- Procure aconselhamento especializado: Dada a volatilidade política e a complexidade das novas regras, é altamente recomendável consultar um advogado ou especialista em imigração para entender como as mudanças afetam seu visto específico ou solicitação de residência.
Esta alteração legislativa é resultado direto da mudança política em Portugal, que prioriza controles mais rigorosos em relação ao sistema anterior, mais flexível. O custo do não cumprimento é alto, podendo levar a atrasos ou rejeição de pedidos de residência.
Conclusão / Conclusão principal
A nova lei de imigração portuguesa foi aprovada com apoio da extrema direita, sinalizando um movimento em direção a uma regulamentação mais rigorosa da residência e da reunificação familiar. Não espere a lei entrar em vigor; certifique-se de que seu visto e documentação de residência estejam em total conformidade e registrados agora para evitar ser pego pelas novas regras mais rígidas.
Fonte:
Lima, A. (2025, 30 de setembro). Lei dos Estrangeiros aprovada com apoio do Chega. Diário de Notícias.