O aquecimento global deverá forçar Portugal e outras nações do sul da Europa a consumir 71% da energia de resfriamento total da UE.
Um novo relatório da Agência Europeia do Ambiente (AEA) alerta que o aumento das temperaturas aumentará drasticamente a necessidade de ar condicionado no sul da Europa. Este aumento maciço na procura de energia ameaça minar o progresso significativo de Portugal na área das energias renováveis e complicar as metas climáticas globais da UE.
Portugal, Espanha, Grécia e Itália estão a caminho de se tornarem os principais consumidores de energia para refrigeração de edifícios em toda a União Europeia. De acordo com o relatório da AEA, esses quatro países do sul da Europa podem ser responsáveis por 71% do total anual de energia da UE utilizada para refrigeração de edifícios residenciais.
O problema decorre dos efeitos acelerados do aquecimento global. O sul da Europa enfrenta "riscos crescentes" de ondas de calor, secas e escassez de água. Essas condições inevitavelmente aumentarão a demanda por refrigeração e ar-condicionado para manter casas e escritórios habitáveis.
Líder em energias renováveis enfrenta nova pressão
A previsão representa um grande desafio para Portugal, que se posicionou como líder na transição energética. Em 2023, as fontes renováveis forneceram 73% da energia consumida no país. Essa conquista, impulsionada por fortes investimentos em energia hidrelétrica, eólica e solar, rendeu a Portugal o reconhecimento de Bruxelas como um "exemplo na vanguarda" das metas ecológicas.
O compromisso do país com a energia limpa foi marcado pelo fechamento de suas usinas termelétricas a carvão em 2021, um passo decisivo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
No entanto, a demanda massiva e concentrada por energia de refrigeração durante as ondas de calor do verão pode sobrecarregar a rede elétrica nacional e complicar a capacidade do país de manter seu domínio em energia renovável. A necessidade de refrigeração geralmente atinge o pico quando a energia solar está mais forte, mas o grande volume de demanda ainda pode exigir o uso de fontes menos limpas ou gerar riscos de apagões.
As metas climáticas da UE estão a cair
Embora Portugal tenha feito progressos, o panorama geral para a União Europeia é menos positivo. O relatório da AEA reconhece "progressos significativos" na redução das emissões de gases com efeito de estufa e da poluição atmosférica, mas alerta que a UE está a ficar para trás nas suas metas climáticas mais amplas.
As consequências das mudanças climáticas estão se acelerando em todo o continente. A Europa está aquecendo mais rápido do que a média global, levando a secas, inundações e ondas de calor mais frequentes e prolongadas.
Leena Ylä-Mononen, Diretora Executiva da Agência Europeia do Ambiente, sublinhou a urgência da situação. Afirmou que a UE "não pode dar-se ao luxo de reduzir as suas ambições climáticas, ambientais e de sustentabilidade" e que é necessária uma ação imediata com base em evidências científicas.
Este alerta surge num momento em que vários setores, incluindo a indústria automóvel, e vários Estados-membros pressionam a Comissão Europeia para adiar os prazos para o cumprimento das ambições climáticas. Argumentam que o ritmo atual de descarbonização é incompatível com a manutenção da competitividade industrial.
Por que isso é importante para os moradores
A maior necessidade de refrigeração se traduz diretamente em contas de energia mais altas e potencial sobrecarga na infraestrutura local. Para os residentes em Portugal, isso significa:
- Custos mais altos: A maior dependência do ar condicionado aumentará o consumo de energia das residências, resultando em despesas mensais mais altas, especialmente durante os meses de pico do verão.
- Risco de infraestrutura: Eventos de calor extremo combinados com alta demanda por resfriamento aumentam o risco de quedas de energia localizadas ou apagões, principalmente em áreas urbanas mais antigas.
- Mudança de política: A pressão da demanda de resfriamento pode forçar o governo a ajustar as políticas energéticas, impactando potencialmente o custo e a disponibilidade de fontes de energia renováveis.
Camada de ação: Os moradores devem priorizar medidas de eficiência energética agora. Medidas simples como instalar sombreamento externo, melhorar o isolamento e usar unidades de refrigeração de alta eficiência podem reduzir significativamente o consumo e os custos futuros de energia. Consulte os programas locais de eficiência energética para se preparar para custos mais altos com refrigeração. A tendência a longo prazo é clara: o calor é o novo desafio energético.
Conclusão / Conclusão principal
O sucesso de Portugal em energias renováveis está agora ameaçado pela enorme e inevitável demanda de energia para refrigeração causada pelo aquecimento global. O país precisa investir urgentemente em eficiência energética e resiliência da rede elétrica para evitar que essa nova demanda supere seus ganhos em energia limpa e aumente os custos para os moradores.
FAQ: Compreendendo os Termos Principais
P: Quais países europeus verão o maior aumento no uso de energia de refrigeração?
R: Grécia, Itália, Portugal e Espanha devem consumir 71% do total de energia anual usada para resfriar edifícios residenciais na UE devido ao aumento das temperaturas.
P: Quanta energia de Portugal vem de fontes renováveis?
R: Em 2023, as fontes renováveis forneceram 73% da energia consumida em Portugal, posicionando-o como líder nos esforços de transição energética e descarbonização.
P: Quais são os principais riscos climáticos para o sul da Europa?
R: Os países do sul da Europa enfrentam riscos crescentes de ondas de calor, secas e escassez de água, o que leva diretamente a uma maior demanda de energia para resfriamento de edifícios.
P: Por que a UE está ficando para trás em suas metas climáticas?
R: A Agência Europeia do Ambiente relata que, apesar do progresso, a UE não está a cumprir as suas metas e a natureza continua a sofrer degradação. A pressão da indústria para adiar os prazos de competitividade também é um fator.
Fonte:
RTP. (2025, 29 de setembro). Relatório aponta Portugal entre os países europeus que mais consumirão energia para arrefecer